05 julho 2009

Pai, como é o nome desta poesia?

Entre amor, e vê que nosso quarto
Está bem igual, nada, nada mudou
A mesa, a cama, o porta-retrato
Tudo está como você deixou

O velho tapete, livros jogados,
O rádio sem pilha, o quebra-luz
Pelo chão, e bastante rasgados
Versos de amor que para ti compus

A janela aberta que olha o rio
O teto baixo, tudo, tudo enfim
Ficou como naquele dia frio
Em que você se foi, se foi de mim

Nada mudou, e ao você voltar
Bem senti que você já percebeu
De tanto sofrer e demais chorar
Quem só mudou, e muito, fui eu..

Flávio Ernani Barbizan

Vó Olga

Minha Mãe

Quase todos os dias eu penso em você, me lembro sempre do seu olhar perdido, distante, como se sempre a procurar alguma coisa ou a esperar alguém que está demorando para chegar.
Lembro daquele seu sorriso alegre, bonito, mas sempre com uma pontinha de tristeza, bem no fundo, que talvez só eu visse.
Lembro bem de seus pensamentos, de seus conselhos, de tudo enfim que você, quantas e quantas vezes, falava para mim.
Lembro também da maior e talvez única ambição em sua vida: sendo uma simples enfermeira, formar seu filho médico.
Penso sempre, e com amargura, que você talvez teve poucos dias felizes em sua vida. Quando seu filho formou-se em Medicina e quando nasceram suas netas.
Tenho absoluta certeza que estes dois fatos aparentemente tão comuns, para você, foram extremamente importantes, tornando você plenamente realizada e imensamente feliz.
Mas você fez mais. Nos deixou uma lição de humildade, de desprendimento, de carinho e de amor, sentimentos estes que vão permanecer para sempre em nós, seu filho e suas netas.
Você partiu. Tenho certeza que está lá em cima, bem junto de Deus, guardando um lugar ao seu lado para mim.
Penso que Deus está num dilema terrível. Ou Ele me leva para junto de você, ou este lugar vai ficar vazio para sempre. Você não vai deixar ninguém ocupá-lo.

Flávio

04 julho 2009

Muito mais que um amigo

Pai!
Eu não faço questão de ser tudo
Só não quero e não vou ficar mudo
Prá falar de amor
Prá você...
Pai!
Senta aqui que o jantar tá na mesa
Fala um pouco tua voz tá tão presa
Nos ensine esse jogo da vida
Onde a vida só paga prá ver...
Pai!
Me perdoa essa insegurança
Que eu não sou mais
Aquela criança
Que um dia morrendo de medo
Nos teus braços você fez segredo
Nos teus passos você foi mais eu...
Pai!
Eu cresci e não houve outro jeito
Quero só recostar no teu peito
Prá pedir prá você ir lá em casa
E brincar de vovô com meu filho
No tapete da sala de estar
Ah! Ah! Ah!...
Pai!
Você foi meu herói meu bandido
Hoje é mais
Muito mais que um amigo
Nem você nem ninguém tá sozinho
Você faz parte desse caminho
Que hoje eu sigo em paz
Pai!
Paz!...