21 dezembro 2009

O tempo não para.. nem volta..

Dezembro de 2008. Ou foi 2007? Pai, você estava comigo no Natal. Com a gente. E no meu aniversário você estava aqui em Balneário né? A gente foi caminhandinho na farmácia e você disse para a Dona Lourdes que queria bolo. Quase morri de vergonha na hora. Hoje vejo como errei em ter vergonha destas coisas. Você não tinha vergonha de nada. De quase nada. E levamos coca e comemos bolo na farmácia :) Uma bolha no teu pé, um band-aid, uma caminhada, apartamento da Iza dia 31. Um quase-tombo-na-piscina, uma queda de luz, a volta pra casa, você na minha cama deitadinho. Um pai e uma filha, uma amizade, um amor. Meu pai, que saudade tão sofrida sinto de você. Que buraco no peito, na lembrança, que vazio impossível de preencher. Não posso nem quero preencher o vazio da falta que você faz. Já falei pra Flávia e pro Pipo. Que não entristeçam muito quando chegar minha hora de ir. Porque vai ser o primeiro passinho que vou estar dando pra quem sabe um dia te ver de novo. Não quero que seja antes da hora, nem depois. A natureza é sábia. E na minha hora, não importa se existe ou não outra parte de vida além desta, no instante de partir, a última coisa que vou pensar vai ser "Amo vocês, meus filhos.. Estou indo, meu pai."

Um dia um cisne morrerá, por certo:

Quando chegar esse momento incerto,

No lago, onde talvez a água se tisne,

Que o cisne vivo, cheio de saudade,

Nunca mais cante, nem sozinho nade,

Nem nade nunca ao lado de outro cisne!